Seja bem vindo

Que todos vocês possam ler e deleitar-se com parte do que costumo escrever. Não me considero pronta, estou aprendendo, não deixo tudo que escrevo aqui, apenas uma parte pequena, pois breve pretendo lançar meu livro, onde estará tudo na íntegra.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Desilusão


DESILUSÃO

Agora que a esperança morre
que minha alma absorta, vaga
dispo-me das ilusões banais
suspenso, o hilário riso dorme!

Não quero o engodo do nada
nem sonhar dores perdidas,
acalentar amores destituídos,
velar morte de paixão vaga!

Dispo-me da vaidade inútil
sigo em busca do que fui,
volto a volver a vida em frenesi
esqueço de tudo, até de mim...

Águas que regaram o meu regaço,
pedras que doeram em meu sapato,
abraços de fato desventurados...
queima-se este arquivo danificado!

Se em outra foz meu rio desaguar,
que a fluidez seja leve, livre e envolvente,
e sinta que o navegar é fresco e seguro,
pois a entrega é precípua ao verbo amar!

Kátia Teixeira
03.07.2013

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Paixão


         Paixão

Vaga, pluma leve ao vento,
Vai cadente, livre, rente...
Crepuscular, dia profano,
Invade, arde e sempre avante!

Segue o ritmo da íris
Vislumbra o dia, semeia noite
Que em ode louco, ainda diz,
Vocifera símbolos infantes

Arde em fogo ardil
Queima a alma solícita
Do âmago purulento e sutil
Flamejante que aqui habita

Uma alma que soçobre
Uma asa esgarçada e asmática
Um espaço vazio e esnobe
Uma carne estraçalhada a sangrar

Chega ao cais de um porto vago
Lança a arma do mar possível
Toca a música do sol a partir...
Bêbados, loucos, e críveis!

Olhar ao horizonte caminheiro,
Sem o ver, a esmos, em ânsias...
Segue a volúpia bravia, inteira...
Entregue, bamba e insana!

Assim, segue a paixão devota
Sem rumo, paradas ou descanso
Nada preenche,  nada esgota...
Tudo é louco e nada atravanca!
Kátia Teixeira

terça-feira, 28 de agosto de 2012


     Incerteza
Será de garra feita a arte?
Todas as navalhas cortam a alma?
É apenas o intuito de ser mais bela,
Se nela bebo e velo a dor insípida
e como uma nova cria, lambo;
clamo e grito, mas me engano...
Meu coração apenas quer você!
E em minha alma tudo se permite
mas a vida aos poucos dissipa,
a nuvem recheada e densa
de sonhos, quimeras ilusões...
apenas tarda o pranto
desata  a corda. E os nós?
Eles apertam a certeza do amor
Que de mansinho vai embora
Fica a aorta a sangrar de medo;
rochedo impõe o bruto desígnio;
Vadio, esmaga o amor com dor
Parte a peça, não trata a ferida;
Suicida, espreita a porta de pedra
Abre e não medra, penetra e fere;
Machuca e corrói, aperta e concreta...
Petrificado, dolorido, em espinhos;
Pequenino sem destino, sai de cena;
Acena o adeus do desamor
Da semente que ainda não brotou
Morreu do tédio
Do silêncio, 
tudo tão lento
Assim, sem mel
De  inanição,
Sem teu
Sem meu
Sem eu
Sem nós...
Tão só
Ó...

terça-feira, 21 de agosto de 2012


Uma rotina, tanta saudade

Amanhecer com o café exalando,
as brumas de um orvalho colorido,
o ar fresco das madrugadas radiantes
uma mesa, o café, o leite e biscoitos finos
tudo tão simples, tão trivial, tão rítmico...
O bom dia, o beijo, o chamar para levantar;
sair para o trabalho, despedir-se...
a alegria de voltar e um almoço partilhar;
as conversas, o sorriso, a sesta abraçados...
Hora de retornar, o beijo o abraço, o jantar
a rotina tão desvalida, mas referencial
das mãos que se sustém ante a fragilidade
do abraço que protege das noites escuras...
Sorrir o seu sorriso descontrolado, banal
da imagem vista, a piada dita ou escutada;
do silêncio intrigante, da tez encrespada;
dividir o dia, as preocupações ou nada....
Estar em um só leito, em seu peito
sentir seu calor nas noites frias
beijar os seus beijos e em um só beijo unir
amar em um só esmo e em um só termo servir...


Kátia Teixeira

Idílio de amor

A primeira vez deste-me seu olhar
com tamanha força e desejo
que mesmo sem tocar em mim
senti o gosto dos seus beijos

Tudo então eram tentativas suas
de dar-me atenção, dar-me carinho
estreitar-me em abraços, sorrisos e gracejos
jantar a luz de velas e sabor de vinho

Dançávamos ao luar, corpos colados
embalados pelo ritmo do afago do amor
bailávamos em rodopios, fluíamos a passos largos
entre beijos, versos, prosa e fulgor

As mãos sempre juntas, entrelaçadas
os olhares em trocas se entendiam
e mesmo sem uma palavra dada
nossos corpos, nosso sorriso reluziam!

A natureza sorria e até chorava
borbulhava aragens ao luar extremo
enfeitiçados pelo gemer qual harpa
nosso amor entre beijos, abraços tão serenos...

E de olhares, cores e jasmins
cheiros, doces, sorrisos e abraços
valsávamos ao luar de prata e rosas carmim
adormecemos na dança e canto dos pássaros... 

sábado, 11 de agosto de 2012

POR UM TRIZ



Por um triz


Deixe-me aqui quieta e presa entre seus braços
de forma larga, branda e leve
e seus braços deve ter a dimensão do meu mundo
assim não me
Deixe-me aqui quieta e presa entre seus braços
de forma larga, branda e leve
e seus braços deve ter a dimensão do meu mundo
assim não me perco de mim e vou-me
pois sempre estamos indo, indo
quando a gaiola é pequena, morremos
cada dia um pouco, um pouco, um pouco
e de grão em grão nos fartamos de tanta prisão
e queremos liberdade,
mas liberdade em dupla é suicídio coletivo....
e por um triz o copo vazou,
o amor vazou,
e tudo vazou...
perco de mim e vou-me
pois sempre estamos indo, indo
quando a gaiola é pequena, morremos
cada dia um pouco, um pouco, um pouco
e de grão em grão nos fartamos de tanta prisão
e queremos liberdade,
mas liberdade em dupla é suicídio coletivo....
e por um triz o copo vazou,
o amor vazou,
e tudo vazou...
E por um triz
Não fui feliz


Estou com fome
Fome de vida,
De alegria,
De algo inusitado e sempre encantador.
Alguém que chegue e transborde o riso
Faça resplendor,
Seja acalanto e acalentador!
Fome de um futuro,
Saudades do que ainda não vivi
E nem sei definir!
Mas, deixe-me ir
Assim busco algo que não aprendi
Vago entre paredes inimagináveis
Entrego-me em um si,
Desintegro as moléculas existenciais,
Vou além do meu passo
E não medro
Apenas me entrego...
Desentoo de todos os musicais
Ouço a melodia do coração
Adentro ao mundo do possível
E amar não é meramente um som
É um hino que toca a dor da solidão!